17 de fevereiro de 2008

Túnel do Rossio

A derrapagem nos custos das obras públicas em Portugal não é novidade. Seja o exemplo megalómano da Casa da Música há uns anos ou o mais recente caso do túnel do Rossio. Este último foi ontem aberto ao público após as obras de remodelação e, cheio de pompa e circunstância que tal ocasião merece, o ministro das obras públicas adiantou a sua explicação para a derrapagem de 9,5 milhões de euros nos custos da empreitada. Segundo o Ministro, esta derrapagem deve-se a dois factores: a mudança de empreiteiro e a monitorização da obra que não estaria inicialmente prevista.

De acordo com as suas convicções, Mário Lino adianta que a rescisão do contrato com o consórcio Teixeira Duarte/Epos causou "um aumento dos custos", designadamente porque obrigou a um "prolongamento do tempo de estaleiro", embora não tenha sido a causa de todas as despesas adicionais. Segundo o ministro, foi feito "um trabalho que não estava inicialmente previsto ter na empreitada da obra, a monitorização do túnel", que implicou "um conjunto de equipamentos durante a fase de construção e de exploração" e "um milhão e 200 mil euros" de custos.

Parece-me oportuno porém lançar uma ou duas questões. Sou ainda estudante e a minha especialidade não vai de encontro com a área de geotecnia pelo que posso estar errado no meu pensamento, podendo pesar ainda o facto de uma possível má interpretação de minha parte das palavras do Sr. Ministro. De facto com a primeira justificação posso até concordar, o processo foi badalado na comunicação social e é portanto de conhecimento público que a rescisão de contracto com o primeiro empreiteiro levou a uma perda de tempo considerável. Mas não consigo compreender como é possível não estarem previstos nos custos de uma obra deste tipo os custos relativos à monitorização do túnel??? Pelo pouco que sei parece-me óbvio que numa obra desta dimensão se torna indispensável controlar deslocamentos e estados de tensão em toda a estrutura de suporte ao longo do tempo. Parece-me razoável que se são conhecidas à partida estas necessidades porque não foram estas tidas em conta inicialmente???

Mas, por outro lado, no final da cerimónia Mário Lino reiterou que a segurança está assegurada: "Esta obra tem todas as condições de segurança". Parece-me que depois de tantos gastos seria o mínimo que se poderia garantir ao país.

Fonte:

Diário digital

André Ferreira

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